Projeto apoiado pelo Fundo Vale e outros financiadores já beneficiou mais de 1,8 mil comunidades da Amazônia Legal

O Fundo Vale participou do 2º Encontro da Rede Conexão Povos da Floresta: Integração de Políticas Públicas. O evento teve como objetivo debater soluções integradas a políticas públicas voltadas às populações da Amazônia Legal, em áreas como saúde, educação, proteção territorial e conectividade. Mais de 200 participantes, entre lideranças indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas e representantes de organizações da sociedade civil e de órgãos governamentais, estiveram reunidos entre os dias 6 e 8 de agosto em Manaus (AM).
O Encontro é uma iniciativa do projeto Conexão Povos da Floresta, apoiado pelo Fundo Vale que busca conectar em rede, através de internet banda larga, comunidades de populações tradicionais localizadas em territórios protegidos da Amazônia Legal, aliando conectividade à inclusão digital, acesso à saúde, educação, segurança territorial e empoderamento.
Ao longo de três dias de programação, os participantes do evento se debruçaram em soluções já desenvolvidas no âmbito do projeto e como conectá-las a políticas públicas que promovam a autonomia e o acesso a direitos dos povos da floresta. Foram 30 atores públicos de 15 diferentes órgãos da Esplanada dos Ministérios e dos Estados da Amazônia envolvidos, além de 30 comunitários de diferentes territórios da região.
As discussões envolveram plenárias e salas temáticas focadas em questões como proteção territorial, empreendedorismo e conectividade. O encerramento aconteceu na manhã da sexta-feira (8), com a apresentação de propostas construídas coletivamente em uma plenária participativa com agentes públicos e sociedade civil.
O evento contou com a presença de representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Ministério Público Federal (MPF), Ministério da Igualdade Racial (MIR), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Secretaria de Governo Digital (SGD), além de instituições parceiras da rede, como o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Portal Telemedicina, Fundação Amazônia Sustentável (FAS), RECODE, entre outros.
“O encontro mostrou mais uma vez a importância da construção coletiva de soluções para a Amazônia. A integração entre lideranças tradicionais, poder público e sociedade civil é fundamental para garantir que a conectividade chegue com qualidade e respeito aos territórios, ampliando o acesso a direitos e políticas públicas. É gratificante ver o compromisso de tantos atores com a implementação desta iniciativa que é transformadora para os territórios”, afirmou Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias do Fundo Vale.
Conectividade significativa e acesso a direitos

“A ideia da Rede Conexão é que a conectividade seja apenas uma ferramenta, usada de forma consciente e segura, para que as populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas e extrativistas tenham um acesso facilitado aos seus direitos. Por isso, é fundamental integrarmos a rede ao desenvolvimento de políticas públicas”, destacou Sabrina Costa, coordenadora do Núcleo de Operações da Rede Conexão Povos da Floresta.
Atualmente, a Rede já conta com mais de 1,8 mil comunidades beneficiadas pelas ações do projeto. A iniciativa é liderada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), em parceria com mais de 50 organizações da sociedade civil, instituições públicas e empresas.
A pluralidade de vozes foi um dos pontos altos do encontro. “Percebemos o quanto esse processo foi rico e produtivo. Agora é implementar, fortalecer e expandir dentro dos nossos territórios, porque sabemos a importância da conectividade para educação, saúde, empreendedorismo e visibilidade”, afirmou José Carlos Galiza, liderança quilombola da CONAQ.
Já Dione Torquato, secretário-geral do CNS, ressaltou a importância da integração entre todos os atores envolvidos para que a conectividade seja um instrumento de transformação.
“O objetivo é discutir e descobrir juntos como podemos avançar com a conectividade nos territórios da Amazônia, para gerar implementação das políticas públicas em monitoramento territorial, empreendedorismo, saúde de qualidade. A gente espera que nesses diálogos a gente possa trilhar caminhos e abrir oportunidades para avançar na conectividade como oportunidade de trabalho, inclusão e, acima de tudo, garantia de direitos para os povos da floresta, do campo e das águas”, pontuou Dione.
“Uma das principais demandas dos povos originários é em relação à proteção de seus territórios, e os parentes necessitam muito dessa comunicação de uma maneira rápida. Nesse sentido, a conexão tem sido uma ferramenta importante que tem mostrado um bom resultado para o monitoramento territorial”, complementou Alcebias Sapará, vice-coordenador da COIAB.
Governo reconhece papel estratégico da rede nas políticas públicas
A presidenta da Funai, Joênia Wapichana, esteve presente no painel de encerramento do evento e chamou atenção para a importância do diálogo permanente entre organizações civis e o governo. “A internet hoje é uma necessidade, mas é preciso haver cuidado com os impactos. A conectividade deve unir a articulação dos povos em torno das políticas públicas”, reforçou.
Outros representantes do governo federal também reforçaram o compromisso com a iniciativa. Para Valéria Benon, Coordenadora-Geral de Avaliação, Qualidade e Experiência do Usuário no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o encontro permitiu uma escuta ativa dos cidadãos na Amazônia e potencializou a oferta de serviços públicos em territórios de difícil acesso.
Avanilson Karajá, Diretor do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, destacou a importância da integração: “Que possamos andar juntos para que as políticas sociais cheguem com mais força aos territórios.”
O 2º Encontro da Rede reafirmou a Rede Conexão Povos da Floresta como uma plataforma estratégica para garantir que a conectividade seja uma ferramenta de empoderamento e resistência dos povos da Amazônia, diante dos desafios atuais e futuros, incluindo as mudanças climáticas.
Sobre a Rede Conexão Povos da Floresta
A Rede Conexão Povos da Floresta é uma iniciativa que busca levar internet banda larga a mais de 8 mil comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas da Amazônia Legal, aliando conectividade e energia a ações de inclusão, segurança e fortalecimento comunitário.
Liderado por CONAQ, COIAB e CNS, o projeto reúne mais de 50 organizações parceiras e atua sobre três pilares, infraestrutura, controle comunitário e inclusão digital e empoderamento, para que a conectividade seja ferramenta de transformação social, ampliando o acesso à saúde, educação e oportunidades, contribuindo também para a conservação da floresta.