Painel marca lançamento de estudo inédito que será divulgado ainda este mês pelo Quintessa sobre o perfil de mais de 100 inovações para elos da cadeia da restauração, com apoio do Fundo Vale, Amazon Investor Coalition (AIC), Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Instituto Itaúsa

Da esquerda para direita: Juliana Vilhena, Gerente de Estratégia, Gestão e Impacto do Fundo Vale, Natália Cerri, Gerente do Instituto Itaúsa e Carolina Ochoa Koepke, sócia e líder de Uso da Terra do Quintessa, durante o painel durante a Climate Week de SP no Aya Hub.
A restauração florestal no Brasil tem potencial para acrescentar R$ 19 bilhões ao PIB nacional e criar mais de 5 milhões de empregos até 2030, sendo metade dessas vagas em áreas rurais. Para que esse potencial se concretize e o país alcance sua meta de recuperação ambiental, serão necessários investimentos entre R$ 31 bilhões e R$ 52 bilhões, além da adoção de mecanismos inovadores de financiamento, como créditos de carbono, seguros paramétricos e certificações adaptadas à realidade nacional.
O assunto foi debate na São Paulo Climate Week 2025, por meio do painel sobre o estudo “Mapeamento de Inovações para a Cadeia da Restauração do Brasil”, realizado no âmbito do Restoration ClimAccelerator, programa executado pelo Quintessa em parceria com o Fundo Vale, Amazon Investor Coalition (AIC), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Itaúsa e com apoio global da Climate-KIC.
Juliana Vilhena, gerente de estratégia do Fundo Vale, participou do painel ao lado de Carolina Ochoa, sócia e líder em Uso da Terra da Quintessa e Natalia Cerri, gerente do Instituto Itaúsa. Ainda, o painel contou com a presença de algumas das inovações selecionadas para o 1º ciclo de aceleração do programa, como João Horst, co-fundador e CSO da Bluebell Index, Heitor Filpi, co-fundador e CEO da Bioflore e Mariza Monteiro, sócia-fundadora e CEO da IVG Tech.
O estudo, a ser lançado em breve, traça desafios da cadeia da restauração e desenha um panorama de iniciativas empreendedoras com inovações tecnológicas (de software, hardware, P&D e bioinovação ou materiais) para diversos elos da cadeia da restauração (enablers), que possuem produtos ou serviços para o crescente número de iniciativas e negócios de restauração (developers) no país.
“Mesmo quando pensamos em restauração com uma abordagem mais ampla, considerando recuperação assistida e não só modelos produtivos, os desafios são enormes. Tudo começa pelo solo, mas a questão fundiária costuma ser o primeiro grande entrave, além das questões de regularização ambiental. É aí que surge a oportunidade para empresas que habilitam a atuação dos restauradores, vencendo esses desafios. Vimos, com o mapeamento, que se forma outro ecossistema de soluções para subsidiar a restauração e proteção. Uma vez que a área gera renda e tem mercado, perde o sentido desmatar: a restauração cria valor e desestimula o avanço do desmatamento sobre áreas naturais”, argumentou Juliana Vilhena do Fundo Vale durante o evento.
Eixos-chave das inovações
O Brasil, dono da maior biodiversidade do planeta e potencial protagonista no debate climático global, enfrenta hoje o duplo desafio de conter a degradação ambiental e impulsionar a recuperação de seus ecossistemas. Em sintonia com a Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas, o país assumiu o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030, mas estudos apontam que menos de 3% desta meta foi cumprida até 2023.
As inovações têm o potencial de apoiar o país no alcance desses objetivos,apoiando na inclusão de comunidades locais, redução de custo por hectare, novos mecanismos financeiros, lacunas de capacitação técnica para o setor, gargalos de disponibilidade e qualidade de mudas e sementes, monitoramento de carbono e biodiversidade e dar agilidade para a complexidade da regularização fundiária e ambiental no país. No âmbito do programa, as inovações são divididas em cinco eixos principais: regularização fundiária e ambiental, sementes e mudas, monitoramento e sensoriamento remoto, mecanismos de financiamento e seguro, e capacitação técnica.
1º ciclo de aceleração das inovações e próximos passos de implementação em campo

Da esquerda para direita: Natália Cerri do Instituto Itaúsa, Juliana Vilhena, do Fundo Vale, Heitor Filpi da Bioflore, João Horst da Bluebell Index, Mariza Monteiro, da IVG Tech e Carolina Ochoa do Quintessa, durante apresentação do estudo durante a Climate Week de SP no Aya Hub.
O mapeamento faz parte do programa Restoration ClimAccelerator – iniciativa do Quintessa para fomento para inovações para cadeia da restauração. A próxima fase após o mapeamento é o primeiro ciclo de aceleração com cinco inovações aplicáveis à Amazônia, combinando apoio estratégico, conexão com clientes e grandes restauradores do país (como Mombak, Biomas, Regreen, Systemica e Instituto Belterra) e desenvolvimento de modelos de negócio para essas inovações.
“A iniciativa é pioneira no Brasil ao ser um programa de aceleração que foca exclusivamente para inovações da cadeia da restauração (versus os diversos programas existentes na temática da agricultura e bioeconomia, por exemplo), com todo um ecossistema criado de empreendedores de inovações, restauradores, investidores e redes que atuam na temática”, comenta Carolina Ochoa do Quintessa.
Para este 1º ciclo, foi selecionada uma inovação para cada eixo chave da cadeia da restauração:
- Regularização fundiária – Uirapuru (PA): plataforma para apoiar a regularização de pequenos produtores na Amazônia, já conectando mais de 500 agricultores.
- Sementes e mudas – IVG Tech (SP): micropropagação in vitro de espécies nativas, ajudando a reduzir custos e ampliar a diversidade genética
- Sensoriamento e monitoramento remoto – Bioflore (MG): sensoriamento remoto para monitorar biodiversidade, carbono e cobertura vegetal
- Mecanismos financeiros – Bluebell Index (SP): tokenização de ativos ambientais, atribuindo valor econômico a atributos como sol, biodiversidade e água
- Capacitação técnica para o fogo – Brigada de Incêndio de Alter do Chão (PA): capacitação para manejo integrado do fogo
O próximo passo deste ciclo do programa é colocar essas inovações em prática em projetos-piloto, conectando com restauradores interessados em implementar essas inovações. Ainda, novos horizontes estão sendo planejados para o programa, com expansão do número de inovações apoiadas e expansão da atuação para outros biomas.
O relatório destaca que o Brasil está em um momento chave: tem potencial para ser referência global tanto em restauração, quanto como provedor das próprias inovações (tecnológicas, biológicas) para os desafios e oportunidades da cadeia da restauração.