13/11/23

Para apoiar o fortalecimento dos sistemas produtivos e da agricultura familiar, o projeto desenvolve Sistemas Agroflorestais (SAFs) de referência que são uma alternativa produtiva viável para mitigar a fome e as mudanças climáticas no Brasil e ainda com possibilidade de aumentar a renda e melhorar as condições sociais e a qualidade de vida dos produtores, especialmente se elaborados de forma participativa para cada região.

SAF (Acervo Fundo Vale)

A mudança climática é o maior desafio do nosso tempo. Ela contribui para inúmeros problemas, como o aumento da fome, os desafios para a produção de alimentos (que sustente cerca de 10 bilhões de pessoas até 2050) e a contenção da temperatura global abaixo de 2 oC. Atualmente, a agricultura, a silvicultura e outros usos da terra representam 21% do total das emissões de gases do efeito estufa, com práticas agrícolas insustentáveis e com o desmatamento contribuindo ainda mais para essas emissões.  

Diante da necessidade do fortalecimento de sistemas produtivos sustentáveis, o Fundo Vale iniciou, em julho de 2023, uma parceria junto à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O projeto Sistemas agroflorestais para mitigação do clima e da fome tem como objetivo, por meio da capacitação de técnicos e agricultores familiares, auxiliar na difusão e na ampliação da adoção desses sistemas de referência, que podem contribuir na conservação do solo e da água, no incremento de matéria orgânica e na maior fixação e balanço de carbono no manejo das espécies, resultando também em benefícios ambientais, para uma agricultura mais resiliente e sustentável diante das mudanças climáticas.  

Portanto, cada SAF de referência tem a função não só de produzir alimentos de diferentes grupos funcionais, mas de produzir em quantidade e com qualidade suficientes para atender as famílias da agricultura familiar, suprindo suas necessidades nutricionais. Além disso, essas famílias produzem dentro de uma escala para a comercialização dos seus produtos de acordo com as potencialidades e características dos mercados regionais, ao mesmo tempo que contribuem para a diminuição das emissões de gases do efeito estufa.   

A parceria com a Embrapa também apoiará os negócios de impacto da Meta Florestal 2030 da Vale (frente de recuperação de 100 mil hectares) com treinamentos, visitas técnicas e acompanhamento dos indicadores financeiros, sociais e ambientais por meio da ferramenta AmazonSAF: criada pela Embrapa a partir dos desenhos SAFs de referência desenvolvidos no projeto. 

Segundo o pesquisador da Embrapa Marcelo Arcoverde, “o desenho de sistemas agroflorestais de referência, considerando a realidade dos produtores locais, seus mercados, capacidade de produção, necessidades nutricionais, condições edafoclimáticas específicas e suas aptidões produtivas, juntamente à análise financeira e técnica de sua viabilidade, constitui uma importante forma de promoção de desenvolvimento regional sustentável. Além disso, o desenho também planeja as necessidades coletivas, identifica os custos e receitas relativos à produção e permite estimar o benefício social decorrente, a partir do apoio às atividades necessárias”. 

Dessa forma, o objetivo da parceria do Fundo Vale com a Embrapa é melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na e da floresta.

Queremos colaborar com a retirada do Brasil do mapa da fome e atuar diretamente no combate à crise climática. Ou seja, é uma metodologia de combate à fome aliada às questões de clima e socioeconômicas“, destaca Liz Lacerda, Parcerias Fundo Vale. 

Sistemas agroflorestais eficientes 

Eles já são medidas de adaptação à crise climática. Ainda segundo Arcoverde, “os SAFs melhoram a resiliência dos pequenos agricultores através de utilização mais eficiente da água, melhor microclima, maior produtividade do solo e ciclagem de nutrientes, controle de pragas e doenças, maior produtividade agrícola e diversificação e aumento da renda agrícola, ao mesmo tempo que sequestram o carbono, contribuindo para adaptação e mitigação climática”. 

Sistemas agroflorestais eficientes, considerando a realidade dos produtores locais, são fundamentais para a promoção de desenvolvimento regional sustentável, planejando as necessidades coletivas, identificando os custos e receitas relativos à produção e, além disso, permitindo estimar o benefício social decorrente, a partir do apoio às atividades necessárias“, enfatiza Lacerda. 


Por que o Fundo Vale apoia essa iniciativa? 

O projeto Sistemas agroflorestais para mitigação do clima e da fome dialoga diretamente com os compromissos da Meta Florestal 2030 da Vale de recuperação de 100 mil hectares, por meio do fomento e do investimento em negócios agroflorestais de impacto socioambiental positivo, atrelando tanto recuperação de áreas com geração de renda quanto emprego e conservação dos recursos naturais com produção de alimentos. Além do acompanhamento aos negócios investidos no âmbito da Meta, o projeto vai promover o treinamento em outros territórios, apoiando o fortalecimento e a difusão de práticas sustentáveis de produção.