23/04/25

A atualização do modelo C, liderada pela Move Social, foi resultado de um trabalho coletivo e representa um avanço significativo no ecossistema de impacto brasileiro 

Lançado originalmente em 2018, o Modelo C — ferramenta de modelagem e gestão estratégica criada para apoiar negócios de impacto socioambiental — ganhou a versão 2.0 durante o evento Impacta Mais 2025, realizado em março, em São Paulo.  A atualização é resultado de uma construção altamente colaborativa liderada pela Move Social, desenvolvida com apoio técnico do Sense-Lab apoio financeiro do Fundo Vale, Fundação Grupo Boticário, Instituto Sabin, Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e AMAZ Aceleradora de Impacto. Dessa forma, o Modelo C 2.0 incorpora aprendizados acumulados por centenas de empreendedores, aceleradoras, investidores e universidades ao longo dos últimos seis anos. 

“O que apresentamos agora é fruto de muita escuta e prática real. Partimos das contribuições de quem efetivamente usa o Modelo C no campo — empreendedores, gestores de aceleradoras, investidores, pesquisadores. A partir disso fizemos uma revisão ampla, testamos com diversos atores em diferentes territórios, até chegarmos a esta nova proposta, que segue sendo pública, gratuita e acessível”, explica Antonio Ribeiro, sócio-consultor da Move Social. 

Mais do que oferecer um framework, o Modelo C integra a Teoria da Mudança com o Business Model Canvas, permitindo o desenvolvimento conjunto de dimensões operacionais, comerciais e de impacto de um negócio. Trata-se de uma ferramenta que favorece tanto o planejamento inicial quanto diagnósticos em estágios avançados de operação, além de promover práticas de gestão e avaliação contínuas. 

Desde seu lançamento, o Modelo C conquistou espaço significativo nas jornadas de modelagem de mais de 500 negócios de impacto e foi incorporado por diversas iniciativas líderes do setor, incluindo AMAZ Aceleradora de Impacto e o próprio Fundo Vale. 

“A versão 2.0 do Modelo C traduz a evolução do setor de impacto socioambiental no Brasil e reflete uma entrega coletiva da qual temos muito orgulho de fazer parte. Ao apoiar essa nova fase, o Fundo Vale fortalece uma ferramenta que amplia a capacidade dos negócios gerarem impacto relevante, com qualidade, inovação, viabilidade econômica, mensuração e propósito”, disse Nathalia Cipoleta, da gerência de Estratégia, Gestão e Impacto do Fundo Vale. 

A ferramenta também é amplamente adotada por aceleradoras como a Climate Ventures, Semente Negócios, Impacta Nordeste, entre outras; universidades, como USP, UnB; e cursos de formação como o MBA do Instituto IPÊ e os programas do Amani Institute.  

Versão 2.0: mais clareza e maior capacidade de mensuração de impacto  

Em sua nova versão, o Modelo C se apresenta como uma resposta estruturada às demandas reais do ecossistema de impacto, reunidas a partir do uso intensivo por aceleradoras e negócios em múltiplas regiões do país. Ele agora traz orientações mais claras, maior articulação entre os componentes do modelo, além de ferramentas auxiliares para facilitar sua aplicação tanto por iniciantes quanto por projetos em fase de expansão. 

Para Mariano Cenamo, CEO da AMAZ e fundador do IDESAM, a utilidade do Modelo C está em sua capacidade de articular a tese de impacto e modelo de negócios com profundidade estratégica: “Usamos o Modelo C em nossa oficina de pré-aceleração. Ele nos ajuda a fazer um diagnóstico robusto, entender as demandas dos negócios e planejar as fases do programa. Para os negócios investidos, o modelo serve como base do plano de aceleração, com KPIs e metas de impacto. Ele é um dos pilares da nossa atuação — e vemos possibilidade de aprofundá-lo ainda mais.” 

A jornada de expansão do Modelo C, aliás, vai além da reformulação do conteúdo. A versão 2.0 será internacionalizada, com traduções para espanhol e inglês já em andamento, alinhando-se aos esforços de disseminação em outros países da América Latina e outros ecossistemas internacionais. 

Uma ferramenta multidimensional para a transformação 

Negócios em diferentes estágios de maturidade têm usado o Modelo C não apenas para consolidar sua proposta de valor e impacto, mas também como instrumento para facilitar decisões estratégicas, comunicar sua tese a investidores e fortalecer a gestão interna das equipes. 

Victor Augusto Moreira, coordenador da Jornada Amazônia na Fundação CERTI, destaca o papel do Modelo C na bioeconomia: “A ferramenta está presente desde os estágios iniciais de concepção dos negócios até o momento de expansão. Ajuda a alinhar visão de futuro, metas de impacto e diretrizes de crescimento, integrando mercado e impacto.” 

Na perspectiva da empreendedora Vivian Chun, fundadora da MOMA cosméticos agroflorestais, o Modelo C contribuiu diretamente para estruturar e validar o propósito da empresa: “Ele oferece uma visão abrangente do negócio, tanto aquilo que já fazemos quanto possibilidades futuras. É como um mapa que guia nossas decisões estratégicas e operacionais.” 

Para Aurélia A. Melo, da Viggas Co.Lab e membro da Coalizão pelo Impacto em Porto Alegre, o valor da ferramenta está na coerência proposta entre intenção e ação: “O Modelo C reforça o vínculo entre a estratégia de impacto, a geração de valor e a estrutura que sustenta tudo isso. É uma metodologia que ajuda a tornar concreto o que chamamos de impacto socioambiental positivo intencional.” 

Próximos passos 

Com a nova versão lançada, a Move Social e os parceiros do Modelo C planejam uma agenda estratégica para os próximos meses, que inclui: 

  • Jornadas formativas para organizações que queiram implementar a ferramenta em seus programas; 
  • Atualizações contínuas da metodologia, com novos aprendizados da prática; 
  • Internacionalização e disseminação na América Latina; 
  • Expansão para novos ecossistemas, alinhando-se a redes globais de investimento de impacto. 

Uma ferramenta de todos, para todos 

A versão 2.0 do Modelo C está disponível para download gratuito, atualmente em português, e em breve também em espanhol e inglês. Seu caráter aberto e colaborativo continua sendo um dos seus principais diferenciais, fomentando boas práticas e construções coletivas no campo dos negócios de impacto.