16/05/25

Conheça o projeto Beeterra, um braço social da Belterra, que oferece novas perspectivas a mulheres amazônicas  

Nascido como um braço social da Belterra Agroflorestas, em Paraupebas (PA), o projeto de meliponicultura Beeterra alia o potencial da bioeconomia amazônica ao empoderamento de mulheres. A iniciativa, que recebe apoio do Fundo Vale e da Embrapa, envolve famílias lideradas por mulheres do campo e simboliza um modelo de negócio sustentável, inclusivo e com potencial de ganho de escala.  

O projeto foi criado de forma paralela às atividades de implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) pela Belterra na região, a partir da observação da baixa participação das mulheres nas atividades econômicas. “Elas queriam um negócio só delas, onde fossem protagonistas. As participantes, em sua maioria esposas e filhas de produtores rurais, cuidam da lavoura, da casa e dos filhos. Com as abelhas nativas da Amazônia, encontraram uma atividade complementar que pode ser feita no quintal de casa, sem riscos”, explica Daniela Canisso, sócia e diretora administrativa da Belterra. A meta da startup é expandir o projeto e integrar o mel nativo à produção dos SAFs na Amazônia, criando um produto da bioeconomia com selo de origem sustentável.  

A meliponicultura oferece diversas vantagens quando aplicada em Sistemas Agroflorestais (SAFs), pois contribui para a polinização natural, aumentando a produtividade das plantas. Além disso, fortalece a autonomia das comunidades locais, especialmente das mulheres, ao criar oportunidades de negócios na bioeconomia. Também auxilia na conservação do conhecimento tradicional e na preservação da biodiversidade, promovendo um desenvolvimento socioambiental sustentável e resiliente”, afirma Bia Marchiori, responsável pela performance do programa, frente técnica, do conhecimento e de salvaguardas socioambientais da Meta Florestal 2030 da Vale 

Manejo  

As abelhas nativas da Amazônia (Meliponini), como a Jataí e a Uruçu, não possuem ferrão, ao contrário das abelhas africanizadas (Apis mellifera) e da mamangava-de-cauda-branca-europeia (Bombus terrestris). Essa característica torna o seu cultivo mais seguro e elimina a necessidade de equipamentos de proteção mais complexos.  Consequentemente, a produção se torna mais acessível e os custos iniciais com equipamentos são reduzidos.  

O manejo das abelhas nativas também é mais simples, realizado em caixas de madeira, com áreas separadas para o ninho e o mel. Uma colônia pode demorar até anos para se estabelecer e produzir. As atividades das mulheres do programa incluem inspeções periódicas, controle de pragas, divisão de enxames e colheita sustentável do mel, sempre deixando reservas para as abelhas. 

Indicadores de Saúde Ambiental 

Daniela Canisso destaca o papel das abelhas nativas como “termômetros ambientais”, ou seja, bioindicadores eficazes da saúde ecológica. A presença e a prosperidade dessas abelhas em uma região sinalizam a disponibilidade de recursos florais equilibrado, refletindo a qualidade do ecossistema. Nos SAFs da Belterra, a presença das colônias de abelhas serve como uma evidência clara da recuperação bem-sucedida dessas áreas. 

Alimento tradicional, produto medicinal e ingrediente gourmet  

Para as comunidades tradicionais da Amazônia, o mel das abelhas nativas é um alimento valioso, consumido puro como fonte de energia e adoçante natural, ou incorporado a preparações culinárias e bebidas típicas. Pelo seu valor nutricional, é considerado um componente importante da dieta e da cultura alimentar dessas populações. 

O mel das abelhas amazônicas também se destaca por seus usos na medicina tradicional. O mel de Jataí, por exemplo, é popularmente utilizado como colírio para tratar infecções oculares, enquanto este e outros méis de abelhas sem ferrão são empregados no tratamento de problemas respiratórios entre outros. Essa valorização medicinal está profundamente enraizada no conhecimento das comunidades tradicionais, que há séculos utilizam esses diversos tipos de mel para uma variedade de fins terapêuticos 

Daniela Canisso aponta que, no mercado, o mel de abelhas nativas é visto como um ‘produto gourmet’, com chefs de cozinha frequentemente atuando como ‘embaixadores’ ao explorarem seu paladar diferenciado. O grande valor deste mel na gastronomia reside em sua vasta diversidade sensorial – moldada pela espécie da abelha e pela flora local – que oferece notas de sabor únicas, variando de florais a levemente fermentadas, e assim possibilita criações culinárias inovadoras. 

Sobre a Belterra 

A Belterra Agroflorestas é uma empresa pioneira no desenvolvimento de sistemas agroflorestais em larga escala, promovendo práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas na Amazônia e em outros biomas brasileiros, em parceria com pequenos e médios produtores. Por meio de uma parceria estratégica com o Fundo Vale, a Belterra colabora para o cumprimento do compromisso de recuperar 100 mil hectares de áreas previsto na Meta Florestal 2030 da Vale.  

Sobre o Dia Mundial das Abelhas  

O Dia Mundial das Abelhas, 20 de maio, instituído pela ONU, busca alertar sobre a importância crucial desses polinizadores. As abelhas são fundamentais para o equilíbrio ecossistêmico por meio da polinização, que assegura a reprodução de inúmeras plantas silvestres e culturas agrícolas, sustentando a biodiversidade e a produção de alimentos. A preservação das abelhas é considerada urgente pela comunidade científica, especialmente diante de ameaças como perda de habitat, uso de pesticidas e os impactos das mudanças climáticas, que comprometem a segurança alimentar e a resiliência do planeta.