Lideranças do ecossistema de impacto se reuniram para debater soluções socioeconômicas para manter a floresta Amazônia em pé

O 1º Workshop Diálogos Amazônicos para a COP 30 – realizado pelo Grupo de Trabalho (GT) Amazônia do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) – aconteceu no último dia 14 de maio sob o tema “Negócios que mantêm as pessoas e a floresta em pé”. O encontro virtual reuniu importantes lideranças do ecossistema de impacto com objetivo de estimular o debate sobre desenvolvimento sustentável, bioeconomia e protagonismo local diante dos desafios e oportunidades que a COP 30, em Belém, irá proporcionar.
Leia também: Fundo Vale debate desafios e oportunidades da bioeconomia no World Circular Economy Forum 2025 – diretor Gustavo Luz participou do painel “ Do Desperdício ao Crescimento: Escalando a Bioeconomia e a Circularidade para Negócios Sustentáveis”.
O evento contou com a participação de Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias do Fundo Vale, Paulo Reis, presidente da Associação de Negócios da Socioeconomia da Amazônia (Assobio), Maíra Castro, CEO da Invest Amazônia, e Juliana Telles, cofundadora do Impact Hub Manaus.
Investimento social privado e inovação
Márcia Soares apresentou o portfólio do Fundo Vale, ressaltando 15 anos de trajetória em investimentos em bioeconomia, cadeias produtivas, recuperação de áreas por meio de sistemas sustentáveis, inovação e formação de capacidades locais. “Entendemos que a bioeconomia é um caminho para diversificar alternativas econômicas sustentáveis do território, fortalecer pessoas e comunidades e criar um legado positivo”, sintetizou.
Ela também compartilhou exemplos de projetos colaborativos e organizações apoiados pelo Fundo Vale, entre eles o SustentaBio, a aceleradora AMAZ, a Conexsus, o mecanismo Amazônia Viva, o programa Floresta Viva, a Jornada Amazônia, além do apoio ao Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) e à criação do Parque de Inovação e Bioeconomia do Pará. “A gente testa diferentes formas para apoiar negócios em fases distintas do empreendedorismo. O que importa é o que fica no território a longo prazo”, sintetizou.
Para impulsionar a bioeconomia, Márcia listou as alavancas estratégicas necessárias: ciência e tecnologia, inovação, capital adequado, mercados e serviços habilitantes, regulação fiscal e incentivos.
Amazônia em rede
Paulo Reis, presidente da Assobio, associação apoiada pelo Fundo Vale, destacou que o caminho para a Amazônia passa necessariamente pelo fortalecimento dos empreendimentos locais e pela geração de renda qualificada para a população local.
“Gerar renda, em primeiro lugar, faz com que a gente consiga ter pessoas conciliadas com o modelo de produção baseado na floresta em pé, e que esse modelo, de fato, contribua para a conservação”, afirmou. Para ele, apostar em pequenas e médias empresas amplia a diversidade de cadeias produtivas, acrescenta resiliência à economia local e exige políticas de formação e retenção de talentos na região. “A floresta sempre foi fruto da qualidade de vida das pessoas que vivem na região”, destacou.
Confiança, escuta e protagonismo da ponta
Maíra Castro, da Invest Amazônia, trouxe o olhar de quem nasceu e empreende na Amazônia, pontuando que as soluções mais duradouras surgem de dentro para fora. A primeira moeda de troca na Amazônia não é dinheiro, é confiança. A segunda moeda também é confiança. Somos acolhedores, mas também desconfiados por razões históricas”, declarou, lembrando que o grande desafio não é a chegada de recursos, mas garantir que cheguem com fluidez e respeito aos contextos, costumes e realidades locais. Maíra também alertou: “Não precisamos de projetos para a Amazônia, precisamos de projetos feitos com a Amazônia”.
Ecossistema, diversidade e capital humano
Juliana Telles, cofundadora do Impact Hub Manaus, reforçou o quanto a Amazônia é múltipla e carece de iniciativas de longo prazo que se adaptem a diferentes estágios e contextos de cada território. “No final, o que fica são as pessoas. Como desenvolvemos capital humano para que o conhecimento e o legado permaneçam depois que a onda de investimentos passar?”, questionou. Ela destacou a atuação no estímulo ao empreendedorismo, especialmente entre mulheres, e no destravamento do capital para negócios de impacto em municípios estratégicos: “Entender como cada organização pode contribuir dentro do seu campo de atuação é o verdadeiro motor do desenvolvimento”.
Sobre o GT Amazônia
O grupo de trabalho Amazônia do CEBDS é dedicado a promover o engajamento de empresas em temas estratégicos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é articular o setor empresarial, fomentar o protagonismo e propor pactos positivos que conciliem produção, preservação ambiental e inclusão social, visando a manutenção da floresta em pé. Atuando como espaço de debate qualificado, construção de conhecimento, engajamento comunitário e promoção de soluções inovadoras, o GT Amazônia busca reunir diferentes atores e estimular iniciativas concretas para fortalecer a bioeconomia e o desenvolvimento sustentável na região.