24/07/25

Courageous Land esclarece como a escolha estratégica de espécies de árvores fortalece e amplia ganhos ecossistêmicos nos sistemas agroflorestais  

Nos sistemas agroflorestais (SAFs), a escolha das espécies que acompanham as culturas agrícolas vai além de critérios econômicos: está diretamente ligada à busca pela produtividade sustentável, à resiliência diante das mudanças climáticas, à recuperação e proteção dos solos para todo o sistema produtivo. Neste contexto, a fixação biológica de nitrogênio desponta como um dos processos mais estratégicos dos SAFs.  

Por meio da associação entre determinadas espécies vegetais e microrganismos do solo, o nitrogênio atmosférico é convertido em formas assimiláveis pelas plantas. Essa dinâmica reduz significativamente a necessidade de fertilizantes químicos, tornando a produção mais sustentável, além de contribuir para a saúde e o equilíbrio do solo. Dessa maneira, toda a estrutura do SAF é fortalecida e o sistema torna-se mais produtivo, longevo, equilibrado e menos dependente de insumos externos. 

Segundo Gilberto Terra, engenheiro florestal e co-fundador da Courageous Land, as espécies arbóreas que mais fixam nutrientes, especialmente nitrogênio são, em geral, as pertencentes à família das leguminosas. Entre os exemplos, destacam-se sucupira, araribá, angelim e vinhático. Ainda assim, Gilberto ressalta que toda árvore florestal, independentemente de fixar nitrogênio, traz diferentes benefícios ao solo ao longo de sua vida. “Seja pela oferta de sombra, pela reciclagem de nutrientes ou pela proteção contra a erosão, a presença das árvores nos SAFs são fundamentais para promover a melhoria contínua do ambiente produtivo”, explica.  

Espécies como juçara (na Mata Atlântica) e açaí (Amazônia) são exemplos de frutíferas nativas muito presentes nos SAFs, tanto pela produção direta de alimentos quanto por sua contribuição para a biodiversidade e ciclagem de nutrientes. Algumas madeireiras também assumem papel frutífero, como é o caso da andiroba, cumaru, castanheira-do-pará e do próprio baru. 

Importância das espécies nativas 

Segundo Gilberto, a principal vantagem do uso de espécies nativas nos SAFs é a sua resiliência. “Se ela é nativa daquela região, foi forjada pela evolução, não pela seleção humana, isso faz dela mais resistente ao clima cambiante, pragas e doenças”, explica.  

A seleção das espécies é altamente regionalizada. “O conjunto de plantas que eu uso em Roraima tem pouca coisa em comum com as plantas da Bahia. Cada região pede suas nativas. A ideia é apostar em espécies que se adaptam naturalmente ao clima local, reduzindo riscos e melhorando o desempenho do SAF”, esclarece.  

Além disso, é fundamental combinar espécies compatíveis entre si. “Agrupamos plantas que beneficiam umas às outras ou que simplesmente não atrapalhem”, afirma Terra, lembrando ainda que culturas agrícolas, como café, cacau, açaí e banana, são frequentemente consorciadas com árvores florestais para compor sistemas mais resilientes e produtivos, inclusive economicamente. 

Courageous Land: parceria estratégica na Meta Florestal 2030 da Vale  

A parceria entre o Fundo Vale e a Courageous Land já resultou na recuperação de mais de 60 hectares de áreas, contabilizadas na Meta Florestal da Vale, que prevê a recuperação de 100 mil hectares até 2030. Além disso, com apoio financeiro e técnico do Fundo Vale, a empresa vem desenvolvendo uma plataforma de inteligência agroflorestal inovadora, criada para acelerar a expansão das agroflorestas ao conectar produtores, mercado, financiamento e assistência técnica.  

“A Courageous Land tem sido uma grande parceira para o Fundo Vale no desafio de ampliar o conhecimento sobre sistemas agroflorestais. Sua experiência de implementação aliada à capacidade de integrar técnica, tecnologia, e mercado pode possibilitar que o impacto chegue a um número cada vez maior de áreas e pessoas, promovendo modelos sustentáveis resilientes e replicáveis”, afirma Bia Marchiori, responsável pela performance do programa, frente técnica, do conhecimento e de salvaguardas socioambientais da Meta Florestal 2030 da Vale.