Evento debateu como o setor pode melhorar o posicionamento do país na agenda global de mudanças climáticas, transição energética e segurança alimentar durante a COP 30

O agronegócio sustentável esteve no centro das discussões no 4º Fórum Futuro do Agro, realizado em São Paulo no dia 18 de junho. Ao longo de um dia inteiro de debates, representantes de toda a cadeia produtiva – do campo ao varejo – se reuniram com autoridades, acadêmicos e lideranças da sociedade civil para debater desafios e oportunidades que a COP 30 traz para o país. O evento teve como foco principal o papel do agronegócio na agenda global de mudanças climáticas, transição energética e segurança alimentar.
A programação contou com uma série de painéis mediados por jornalistas do Globo Rural e do Valor Econômico. O fórum foi inaugurado com uma mesa sobre o papel do setor nas negociações climáticas, reunindo nomes como Ricardo Abramovay, professor titular do Instituto de Energia e Ambiente da USP; Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e embaixador do Agro na COP 30; e Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio Amazônia.
Durante o dia, os participantes discutiram temas fundamentais como a criação de incentivos para produção e consumo sustentáveis, com a participação de executivos do setor e produtores rurais, além de abordarem o financiamento verde – apontado como um dos maiores desafios para a transição sustentável no agro.
O destaque para as boas práticas já adotadas se deu nos relatos dos produtores, que compartilharam experiências e resultados positivos em suas propriedades, demonstrando como técnicas inovadoras podem ser integradas ao desenvolvimento econômico. “O Brasil não precisa criar soluções do zero, e sim escalar as boas práticas que já estão em andamento, como o manejo regenerativo, a integração lavoura-pecuária-floresta e o uso racional dos recursos naturais, que já vêm sendo realizados em diferentes escalas e regiões. O desafio é tornar essas práticas financeiramente viáveis, com remuneração adequada ao produtor e maior valorização pelo consumidor final”, afirmou Bia Marchiori, responsável pela frente técnica, do conhecimento e de salvaguardas socioambientais da Meta Florestal 2030 da Vale, que acompanhou o evento.
A assistência técnica e o fortalecimento de políticas públicas também foram apontados como cruciais para a transição sustentável, especialmente para pequenos e médios produtores. Como destacou Bia, “59,1% dos participantes indicaram a assistência técnica como fator central para a inclusão produtiva”. O acesso à orientação técnica adequada pode acelerar a adoção de práticas inovadoras e atrair investimentos para o setor”.
Em relação à segurança alimentar, Bia ressaltou que o maior desafio é “produzir mais, com menos impacto, aumentando a produtividade sem expandir área”, condição essencial para garantir o acesso ao alimento diante das mudanças climáticas.
No tema transição energética, o debate foi sobre potencial dos biocombustíveis e da agroindústria descentralizada como alternativas viáveis para o setor rural, desde que acompanhadas por incentivos, infraestrutura e escalabilidade adaptadas às realidades locais. “Uma preocupação que permanece é quando o discurso de sustentabilidade ainda se limita à mitigação do impacto negativo e não avança para a geração real de valor a partir do impacto positivo. Sustentabilidade precisa estar integrada à estratégia, à mudança de mentalidade e à construção de modelos que entreguem eficiência, regeneração e inclusão. Para isso, é essencial aproximar agendas, ouvindo quem está no campo, mas também quem está nas florestas, nos territórios e na bioeconomia. Só assim construiremos sistemas verdadeiramente sustentáveis ambiental, social e economicamente”, avaliou Bia.