Parceira do Fundo Vale há mais de 10 anos, organização é uma das maiores referências do setor no Brasil

No ano em que celebra três décadas de atuação, o Imaflora realizou, nos dias 20 e 21 de agosto, em São Paulo, o ATERRA – um encontro dedicado a debater temas estruturantes para o presente e o futuro do país. O evento promoveu uma série de atividades, reunindo especialistas, produtores rurais, pesquisadores, comunidades tradicionais, empresários e gestores públicos do setor socioambiental.
Segundo o Imaflora, o ATERRA nasceu como um espaço vivo de diálogo, cultura e conteúdo, fomentando discussões que abrangem o campo, as florestas e as cidades. Seu objetivo é conciliar produção e conservação de forma justa, inclusiva e sustentável, em uma jornada plural que articula saberes, inovação e ancestralidade.
A programação foi inaugurada com o painel do Imaflora “De onde viemos e para onde queremos ir?”, que contou com a participação de Marina Piatto, diretora executiva, Patrícia Cota, vice-diretora executiva e Tasso Azevedo, conselheiro da instituição. Em seguida, Patrícia Daros, diretora do Fundo Vale, participou do painel “Negócios em transição: responsabilidade social, ambiental e investimentos de impacto” com mediação de Cassiano Ribeiro, do Globo Rural, e participação de Ana Paula Lossi (AIPC), André Valente (Raízen) e Carmem Lúcia (Uchua).

Patrícia destacou a trajetória do Fundo Vale na busca por modelos produtivos alternativos e sustentáveis, especialmente a partir dos recursos da floresta, com foco em garantir melhores condições de vida para as populações locais. Ela explicou que, inicialmente, o trabalho era voltado ao fortalecimento de organizações não governamentais e projetos de apoio pontuais. Com o tempo, o desafio foi ampliado para concretização desses modelos sustentáveis em larga escala.
A diretora do Fundo Vale também falou sobre o financiamento climático como um desafio inevitável para a agenda socioambiental, ressaltando que o avanço real depende de mais investimento em ciência e inovação, especialmente voltados para cadeias produtivas da sociobiodiversidade. Segundo sua perspectiva, somente com uma base científica sólida e processos inovadores será possível escalar negócios de impacto socioambiental de forma efetiva.
“A inovação que buscamos não é somente tecnológica, mas também de processos. Muitas vezes, mudar o modo de fazer já gera grandes transformações. Temos desafios, mas eu enxergo que há sim um avanço. Os pesquisadores se debruçam para buscar melhorias em produtos como o cacau, açaí, mandioca e tantos outros potenciais da sociobiodiversidade, mas ainda há um longo caminho a percorrer para transformar essas cadeias em exemplos de progresso baseado em ciência, inovação e financiamento consistente”, pontuou.
Ao longo dos dois dias, estiveram presentes no ATERRA outros nomes de referência, como Thaynah Gutierrez, que atua no ativismo jovem pelo clima; Cida Bento, reconhecida por sua trajetória nos debates sobre diversidade e clima; Ricardo Abramovay, especialista em transição agroalimentar; André Lima, secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; André Aquino, que traz reflexões sobre adaptação climática e economia florestal; e Gleici Cleicii Patauá, com propostas para uma economia reimaginada.
Imaflora e Fundo Vale: mais de 10 anos de parceria
A parceria entre Fundo Vale e Imaflora começou com o apoio ao selo Origens Brasil, criado pelo Imaflora e o Instituto Socioambiental (ISA) para levar produtos da sociobiodiversidade do Xingu às prateleiras dos grandes centros, destacando sua origem sustentável e o incentivo à economia da floresta em pé. O selo promove transparência e rastreabilidade, permitindo que consumidores acessem informações sobre os produtos via QR Code. Com apoio do Fundo Vale, comunidades indígenas e extrativistas puderam fortalecer suas cadeias produtivas, além de receber assessoria técnica, capacitação e capital de giro.
Outra frente de atuação em parceria com o Fundo Vale é o Projeto Cacau 2030, que busca recuperar áreas por meio da produção cacaueira sustentável, com foco no fortalecimento da cadeia produtiva e na geração de benefícios diretos para produtores e cooperativas. O Imaflora foi responsável pela implementação de duas Unidades Demonstrativas de Produção (UDPs) de cacau nos municípios de Uruará e Marabá (PA), além de qualificar mais de 400 agentes em Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).
Atualmente, o Imaflora desempenha um papel fundamental na implementação do compromisso de recuperar 100 mil hectares de áreas, no âmbito da Meta Florestal 2030 da Vale. A organização contribui apoiando a gestão das salvaguardas socioambientais nos negócios impulsionados pelo Fundo Vale, colaborando com o impacto positivo nas áreas em processo de recuperação.
“A parceria entre Fundo Vale e Imaflora é baseada pela confiança, pelo alinhamento de valores e pelo trabalho conjunto na busca de transformações positivas e duradouras nos territórios onde atuamos. O Imaflora, ao longo desses 30 anos, não só construiu um legado de excelência técnica, mas também é referência no diálogo e articulação com diferentes atores do ecossistema de impacto”, disse Patrícia Daros.