26/06/25

Com apoio do Fundo Vale em parceria com o ICMBio, o programa qualifica   comunidades que vivem da sociobiodiversidade na Amazônia Legal

Créditos: Adriano Gambarini/OPAN.

Mulheres e jovens têm assumido papéis estratégicos no fortalecimento das cadeias produtivas da sociobiodiversidade na região do Médio Juruá (AM). Apoiado pelo Fundo Vale e implementado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o programa Sustenta.Bio já beneficiou cerca de 850 pessoas com ações de capacitação técnica, estruturação produtiva e fortalecimento da governança local.

De acordo com o relatório “Desenvolvimento Territorial no Médio Juruá com Sustentabilidade e Inclusão Social”, publicado pela Associação dos Produtores Rurais de Caruari (ASPROC) em 2023, as mulheres representam 34,11% da força de trabalho nas cinco principais cadeias produtivas em que a associação atua: pirarucu, borracha, açaí, oleaginosas e agricultura familiar. Em 2024, a pesca do pirarucu manejado envolveu 243 mulheres, com idades entre 16 e 59 anos, segundo os dados do relatório Manejo de Lagos 2024, elaborado pela ASPROC.

Fernanda Morais, presidente da Associação das Mulheres Agroextrativistas do Baixo Médio Juruá (AMAB) e manejadora da Comunidade Lago Serrado, no Território Médio Juruá, acredita que a presença feminina no manejo representa uma conquista social e econômica para o território: “Uma das coisas mais importantes no manejo é o empoderamento feminino, poder ver que as mulheres têm demonstrado a sua voz e que elas têm capacidade, podendo opinar nas tomadas de decisões”, disse Fernanda.  

Outro destaque do programa é o fortalecimento da participação de jovens, que têm atuado como elo entre saberes tradicionais e inovação. Junto ao Sustenta.Bio, jovens das comunidades vêm sendo capacitadas em temas como empreendedorismo, gestão comunitária e inclusão digital.

“A presença ativa de mulheres e jovens torna a cadeia produtiva mais resiliente e sustentável. Eles trazem novas ideias, fortalecem a equidade e ajudam a garantir que a atividade siga com responsabilidade ambiental”, reforça Ecivaldo Dias Ferreira, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC).

Sobre o Sustenta.Bio

Lançado em 2023, o programa investirá R$24 milhões em 14 áreas protegidas da Amazônia Legal, nos estados do Amazonas e do Pará. A iniciativa tem como objetivos gerar renda, conservar a floresta e impulsionar a sociobiodiversidade na transição para uma economia mais equitativa sustentável, com atenção especial ao protagonismo de grupos historicamente sub-representados nos territórios.

As ações do Sustenta.Bio dialogam com políticas públicas como o Plano de Ação para Prevenção do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), o Programa Nacional de Alimentação Escola (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), além de contribuir para o alcance de oito dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Patrícia Daros, diretora do Fundo Vale, menciona que apoiar essas cadeias produtivas é uma forma concreta de impulsionar a bioeconomia e consolidar os territórios como provedoras de soluções ambientais. “Estamos alinhados com políticas públicas e acordos internacionais justamente porque entendemos que só haverá floresta em pé se houver bem-estar para quem nela vive”, afirma. 

Para o ICMBio, o Sustenta.Bio representa uma inovação institucional no apoio direto às comunidades extrativistas. “Com o programa, queremos garantir condições para que essas comunidades continuem sendo guardiãs da floresta em pé”, destaca Tatiana Rehder, coordenadora do programa no ICMBio.